Dados revelados pelo relatório «Beer in Portugal» (Euromonitor, junho de 2016) revelam que a cerveja artesanal tem vindo a ganhar adeptos junto dos consumidores portugueses. Os consumidores, habituados a duas cervejas (Sagres e Super Bock) têm vindo a desenvolver interesse noutras cervejas. Outro dos fatores a assinalar é o facto de os consumidores beberem cerveja com às refeições e começam assim a tentar perceber qual a melhor cerveja para acompanhar o menu.
O número das micro-cervejarias em Portugal tem vindo a aumentar e como consequência também a Unicer e a Central de Cervejas lançaram cervejas do tipo artesanal. No entanto, a cerveja artesanal continua a ser um nicho de mercado. A Unicer e a Central de Cervejas controlam 43% e 40%/, respetivamente, do volume de vendas do setor em 2015. Estas duas empresas continuam a beneficiar diretamente do forte investimento em marketing e do poder sobre os canais de venda e distribuição. De acordo com a consultora Euromonitor, espera-se que a cerveja continue a crescer 2% ao ano e atingir um volume de 506 milhões de litros em 2020.
Segundo os Quadros Estatísticos do Setor (QES) publicados pelo Banco de Portugal (BP), entre 2012 e 2014 o número de empresas ativas quase que triplicou passando de 13 para 34. E esta dinâmica continuou em 2015, ano em que foram constituídas mais 26 empresas, de acordo com o site racius.com. Considerando este último dado, verifica-se que o número de empresas passou de 13 em 2012 para 60 no final de 2015, o que representa um crescimento superior a 360% no período considerado.
Este aumento exponencial do número de empresas com atividade da fabricação de cerveja estará seguramente associado à nova tendência de criação de cervejas artesanais que se começou a observar a partir do segundo semestre de 2009, com o lançamento de novas marcas no mercado.
De acordo com o site https://cervejaartesanalportuguesa.pt/ existem hoje perto de 90 marcas ativas. Só nos últimos 6 meses surgiram cerca de 20 novas marcas de cerveja artesanal. Contudo esta atividade tem ainda uma dimensão económica relativamente pequena, embora o volume de negócios agregado tenha subido de 207 mil para 1,948 milhões de euros entre 2012 e 2014. As marcas mais representativas são a PRAXIS (45,38%) de quota entre as cervejeiras artesanais), SOVINA (16,43%), LETRA (15,97%), MALDITA (6,21%) e VADIA (5,6%).
A marca de cerveja Vadia tem vindo a ser distinguida desde que nasceu, em 2012, nos mais prestigiados concursos mundiais de cerveja. A Maldita English Barleywine é outra das cervejas artesanais portuguesas reconhecida internacionalmente.
Para saber:
Ale e Lager são os dois grandes grupos de cervejas e definem o tipo de fermentação.
No primeiro a fermentação dá-se no topo dos depósitos, por isso mesmo ditos de top fermenting, a quente, enquanto no segundo se dá no fundo dos depósitos e chama-se bottom fermenting, a frio. ESB, IPA, Pale Ale, Porter, Stout, Wheat e Brown são da família Ale, enquanto as Pilsener, Bock e Oktoberfest são do grupo das Lager.
Fontes:
«Beer in Portugal» (Euromonitor, junho de 2016)
Quadros Estatísticos do Setor (2012-2014) publicados pelo Banco de Portugal
cerveja artesanal portuguesa